terça-feira, 26 de agosto de 2014
Giancarlo Rufatto - Cancioneiro (2014)...
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Por Giancarlo Rufatto: Quando comecei reunir canções para este disco escolhi as que tivessem personagens de carne e osso e, se possível, arranjos um pouco mais decentes do que nos discos que já gravei. A maioria das letras destas músicas foram rascunhadas nos últimos cinco anos. Algumas histórias vieram de coisas que via no caminho do trabalho e viravam frases soltas no Twitter antes de irem para as canções. No começo de 2013 minha filha tinha acabado de nascer e a melhor coisa a se fazer era pisar no freio só um pouquinho e respirar. Creio que isso aconteça a todos os sujeitos que se tornam pais (ou pelo menos com aqueles que romanceiam a própria vida) e caem numa espiral de lembranças da própria infância, talvez atrás de referências sobre como é ser pai. Enfim, só voltei pensar em escrever um novo disco no natal, quando decidimos mudar de cidade, dar um “até logo” à Curitiba e um olá à São Bernardo e São Paulo. Entre o natal e o ano novo surgiram as primeiras canções vindas das sessões da nostalgia - “Enseada” e “Alfredo”, divulgadas no começo de 2014 e que deram um norte pra este álbum. Resgatei três canções que não combinaram com trabalhos anteriores. “Ele”, do Ep lançado pelo site Scream& Yell numa brincadeira com Record store day; “dance, dance, dance”, uma canção “tipo bruce springsteen” que ficou na gaveta por uns bons 5 anos e “luzes da páscoa”, escrita em 2010 que havia ficado de fora do álbum “Machismo” e acabou integrando o set list dos shows da finada Hotel Avenida. Após todos esses anos brincando de ser um artista prolixo fez bem ficar um tempo sem tocar violão. Este álbum é totalmente influenciado pela experiência de gravar enquanto um bebê dorme no quarto ao lado, você acaba procurando usar o máximo de instrumentos que possam ser gravados no “mute”. Moral da história: o principal instrumento de trabalho foi um Ipad, Todos os teclados e ruídos saíram dele o que modificou a sonoridade deste disco, me mandou pra longe do folk. O legal de ser um “artista solo” que ninguém conhece é que você não precisa ser fiel à um estilo. O lado ruim é que não dá pra usar uma camiseta com o seu nome escrito nela. Minha única duvida sobre este álbum era sobre como chamar este novo registro, “Cancioneiro” ou “Gospel”? Se você está ouvindo este disco talvez saiba que um dos meus trabalhos anteriores se chama “Machismo” e então, morria de medo de ser mal compreendido por chamar um disco de “gospel” e cair num nicho que costuma não entender piadas. Mas eu queria que este trabalho tivesse uma sombra religiosa, mas no sentido esperançoso da coisa. Então, não é por acaso que este disco com uma canção dizendo que o mundo não é bom e fecha com outra dizendo que mesmo assim é preciso ser...
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