terça-feira, 12 de maio de 2015
Bruno Cosentino - AMARELO (2015)...
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Amarela, em tons de ouro, é a luz do fim de tarde. Luz tenra, que delineia formas e volumes com mãos delicadas, revelando cores e matizes quentes, texturas afetivas. É nesse amarelo que penso quando ouço o álbum de Bruno Cosentino, que traz como título o nome da mesma cor. Amarelo entrevisto de “altas varandas”, como nos versos de Duas pétalas. Cada canção é um ambiente a ser iluminado pela voz de Bruno, com sua qualidade branda diluindo suavemente os contrastes. Seu canto macio amortece o impacto de cada palavra cantada, cercando-a numa teia de cuidado. As baladas que embalam o álbum são como fotografias que trazem uma ambiência levemente esfumaçada. A sensação é de que estamos num ambiente interior, protegido, que se comunica com o exterior não de modo direto, mas por membranas – membranas que filtram o que vem de fora. Em tal atmosfera de acolhimento, os afetos sutis saltam ao primeiro plano. Os acontecimentos mais banais ganham relevância: o silêncio contrariado do amante (“Cheio de si...lêncio-grito”) resvala em profundos questionamentos afetivos (“Qual de nós amou e foi amado? / Sentiu deus num átimo?”); o singelo amarelo do umbigo flerta com a dimensão da eternidade; lábios transformam-se em pétalas vermelhas que vagueiam pela noite de São Paulo; as doces obrigações do amor escorrem nas águas da Baía da Guanabara, ou na transpiração do sexo, na lembrança de que “podemos morrer pela cintura”... Leia Mais
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