quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Bardo - Bardo EP (2015)



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"Are you somewhere in this crowd, in my mind is where I’ll find you" Talvez não haja frase que sintetize melhor o trabalho de estreia do duo Bardo, formado por André Passos (voz, piano e violão) e Juliana Maria Duarte (idem). São músicas de cunho intimista e confessional que se conectam de imediato com o ouvinte. Elas sugerem , seja na música hipnótica, seja nas letras, uma sensação de tempo relativa, onde tudo acontece quando se tem calma de viver o que se propõe e, no caso, a companhia de quem se gosta. Ou até mesmo um estado de espírito paralelo ao real. Quem ouve também contribui com o sentido, já que as letras, sugestionáveis, são campos abertos para uma interpretação pessoal. Você escolhe. Breno trata do desejo de achar um lugar de paz para os dois. A expectativa de que um dia esse lugar e esse tempo surjam naturalmente, sem esforço, como são as boas coisas da vida. Um papo ao pé do ouvido, movido a café, promessas e sonhos. Onde tudo pode, até acordar cedo ou tarde. Porque o tempo está estático. É o tempo do amor. Em Impatience Blues, a escolha das vozes em duo foi certeira. A narrativa é direta. Aqui, o amor não é uma decisão fácil, tampouco tem volta. Ele marca, mesmo quando termina. "See throught the end of the road, I’ll be around the corner". Eu estarei por alí, mesmo que no caos absoluto. Mesmo que no real. Mesmo que na memória. As vozes fluem em entradas livres, em harmonias que remetem o gênero, o que fortalece esse caráter fantástico x real". Um "blues folk" com muita liberdade estilística. Em Moody, um folk leve, minimal, com contra-cantos muito bem colocados, numa atmosfera leve e intimista. Aqui, de novo, a pressa não tem hora. Nem pressa. É o tempo de quem se permite viver seu próprio tempo orgânico. E o tempo do outro, misturado. Em "Haunted" , há uma sensação de intimidade ao pé do ouvido. Uma canção minimal, com pegada lírica existencialista. A vida só faz sentido com você, mas você, talvez, só exista no meu sonho. Existir na égide da fantasia pode ser melhor. Eu posso ir para qualquer lugar, qualquer tempo. Mas será que é sonho mesmo? Os arranjos de cordas e os timbres escolhidos pontuam bem a sensação dramática da música. A voz límpida e impecável de Juliana Maria Duarte corrobora com a sensação de "assombro", de real e imaginário que se chocam, ou se complementam. Que tal sentar, pedir um café e só ouvir Bardo, sem fazer nada mais. E que tal, assim, parar o tempo?
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