terça-feira, 27 de outubro de 2015

Pio Lobato - pio lobato (2015)...




É de 93 a faixa “Mestre Vieira”, que Pio Lobato compôs em homenagem ao pai da guitarrada. O tema, criado numa época em que o estilo musical ainda não possuía o prestígio de hoje, nunca havia sido gravado oficialmente até agora. “Pio Lobato” - quinto disco solo (e homônimo) do guitarrista, compositor e produtor - traz finalmente este registro. Assim como ela, outras músicas antigas, nunca compiladas num álbum, figuram lado a lado com obras recentes. O novo trabalho de Pio vem justamente com esse papel: costurar mais de vinte anos de carreira. Não é só na cronologia que o disco permite entrever sua diversidade. Esta se mostra na escolha das vertentes que o integram: o projeto, pensado em quatro partes distintas, apresenta um núcleo de lambadas; outro de tecnoguitarradas; um terceiro voltado para loops e repetições; e ainda um quarto aspecto, o qual guarda reflexos do interesse de Lobato pela musica progressiva - aqui, representada pela faixa “O Barco que Afundou”. A composição, a mais longa da compilação, aponta também o flerte com as trilhas sonoras, sugerindo climas distintos e a obediência a um roteiro. Tantas referências em um mesmo trabalho são consequência do próprio estado de inquietude do músico. “Não tenho afinidade com uma única linha que me represente. Por isso, o disco é fragmentado nessas linguagens diferentes que me interessam. Poderia ser o rumo de quatro discos, mas preferi condensar em um só”, explica. A pessoalidade na escolha do repertório também entrega o processo criativo deste quinto disco - provavelmente o mais íntimo dos solos de Pio. O compositor centralizou boa parte da produção: gravou sozinho as guitarras e quase todas as linhas de contrabaixo, co-atuou na mixagem e no próprio projeto gráfico na capa - da fonte ao azul conhecido como “Yves Klein”, tudo foi decidido por ele, a partir de sua relação particular com esses signos. Entre as inspirações, há atmosferas que vão de Led Zeppelin ao escritor amazônida Dalcídio Jurandir. O desenvolvimento personalista do álbum permitiu que este encontrasse caminhos que abusam da experimentalidade - desde a constante investigação de novos timbres e elementos percussivos até técnicas inusitadas de pós-produção. A busca pela sonoridade pretendida fez Lobato não se limitar a um único local de trabalho. “Fui ‘pingando’. Gravei muita coisa em casa, outras coisas no home studio do Ziza (Padilha, músico e produtor), do Leo (Chermont, do Strobo)... Pouca coisa foi gravada no Apce, onde finalizei”. Masterizado no Classic Master, estúdio que é referência no Brasil, o lançamento sairá em dois formatos: CD e vinil duplo - este último pelo selo paraense Discosaoleo, contendo uma faixa extra...
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