"O índio que nos olha da capa de “Paraíso” — tradução visual precisa do álbum feita pela artista paraense Elisa Arruda — não carrega nostalgias de um Brasil pré-descobrimento. Ele está mais próximo daquele oculto e óbvio descrito por Caetano Veloso — um personagem que se põe no futuro com uma sabedoria ancestral e que atravessa o segundo disco solo de Fernando Temporão, se expondo óbvio no verso “ser um índio urbano” (na faixa-título, parceria do compositor com Ava Rocha). Da mesma forma, o paraíso que ele habita não é o da pacificação idílica da floresta. Seu paraíso é cotidiano, conquistado com luta. Um paraíso filho da floresta real (seja a verde ou a de concreto), cuja harmonia nada tem de pacífica pra quem sabe ver a dinâmica de presas e predadores. Dessa forma, “Paraíso”— que tem lançamento online dia 18 de maio e o primeiro show dia 31, no projeto Sesc Nova Música Convida, com participação de Erasmo Carlos — é um álbum político, acima de tudo. Da política que parte dos afetos individuais para a grande cena, nunca o contrário. Nele, sem sombra de discurso panfletário, cabem Eduardo Cunha e bombas na Síria, a tragédia de Mariana e a cobrança de posicionamento da classe artística, tudo pautado pela afirmação da liberdade de ser quem se é, de desenhar seu próprio paraíso", continue lendo
quinta-feira, 23 de junho de 2016
Fernando Temporão - Paraíso (2016)
Download: Paraíso.zip
"O índio que nos olha da capa de “Paraíso” — tradução visual precisa do álbum feita pela artista paraense Elisa Arruda — não carrega nostalgias de um Brasil pré-descobrimento. Ele está mais próximo daquele oculto e óbvio descrito por Caetano Veloso — um personagem que se põe no futuro com uma sabedoria ancestral e que atravessa o segundo disco solo de Fernando Temporão, se expondo óbvio no verso “ser um índio urbano” (na faixa-título, parceria do compositor com Ava Rocha). Da mesma forma, o paraíso que ele habita não é o da pacificação idílica da floresta. Seu paraíso é cotidiano, conquistado com luta. Um paraíso filho da floresta real (seja a verde ou a de concreto), cuja harmonia nada tem de pacífica pra quem sabe ver a dinâmica de presas e predadores. Dessa forma, “Paraíso”— que tem lançamento online dia 18 de maio e o primeiro show dia 31, no projeto Sesc Nova Música Convida, com participação de Erasmo Carlos — é um álbum político, acima de tudo. Da política que parte dos afetos individuais para a grande cena, nunca o contrário. Nele, sem sombra de discurso panfletário, cabem Eduardo Cunha e bombas na Síria, a tragédia de Mariana e a cobrança de posicionamento da classe artística, tudo pautado pela afirmação da liberdade de ser quem se é, de desenhar seu próprio paraíso", continue lendo
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