Dá para dizer que Festa na Piscina das Políticas do Pós-Modernismo é o EP de faixas mais leves e curtas (todas têm pouco mais de dois minutos e meio), quase escapista, dos Gambitos. É cheio de melodias diretas, violões, guitarrinhas que cantam, pianos e refrões simples. Mas também é uma reflexão agridoce sobre passagem do tempo, memórias e a percepção dessas memórias. 'Outro Patamar', a faixa de abertura do EP, escancara esse espírito: recorre à metáfora do futebol para falar de como tempos recentes que já parecem outra realidade, mas também se utiliza de outros tipos de lembrança. Em 2020, quando cumpria isolamento social em Laguna, no sul de SC, o vocalista Fabio Bianchini voltou a escutar Belle and Sebastian direto e teve um estalo. "Percebi que 'Me and the Major' era uma música de 1996, 24 anos antes. E a letra da música do B&S se refere ao Roxy Music em 1972, que é também 24 anos antes dela ser lançada. Ou seja, 'Me and the Major' agora é tão distante quanto a memória nostálgica que ela evocava na época em que a escutamos pela primeira vez", explica. O clipe dá mais uma bagunçada na cronologia, misturando referências dos bares de rock e a vida em Florianópolis no início dos anos 00 com ficção científica e romance. Também está na versão karaokê. Pois é, isso. 'Arquivo', primeira do EP a ser composta e gravada (antes da pandemia), lida com o sabor mais melancólico e fatalista do tempo correndo e do próprio envelhecimento. 'Ponto' também lembra a juventude e histórias de banda, mas nesse caso o passar dos anos acaba tratando com carinho a memória de uma roubada: a letra fala sobre estar num ponto de ônibus longe de casa carregando a guitarra em uma madrugada fria após um show fracassado e a melodia é doce. 'Maltesa' também é da safra do isolamento. O título vem do nome de um navio que afundou diante da Praia do Gi, em Laguna, em 1979. "Durante um ou dois verões, a gente era criança e sempre que ia à praia, ou seja, quase todo dia, voltava com a prancha de isopor coberta do piche que vazou do barco. Pesquisei recentemente e descobri que também espalhou no mar a carga de milho, mas dessa parte eu não lembrava", conta Bianchini...
quinta-feira, 23 de setembro de 2021
Os Gambitos - Festa na Piscina das Políticas do Pós-Modernismo (2021)...
Dá para dizer que Festa na Piscina das Políticas do Pós-Modernismo é o EP de faixas mais leves e curtas (todas têm pouco mais de dois minutos e meio), quase escapista, dos Gambitos. É cheio de melodias diretas, violões, guitarrinhas que cantam, pianos e refrões simples. Mas também é uma reflexão agridoce sobre passagem do tempo, memórias e a percepção dessas memórias. 'Outro Patamar', a faixa de abertura do EP, escancara esse espírito: recorre à metáfora do futebol para falar de como tempos recentes que já parecem outra realidade, mas também se utiliza de outros tipos de lembrança. Em 2020, quando cumpria isolamento social em Laguna, no sul de SC, o vocalista Fabio Bianchini voltou a escutar Belle and Sebastian direto e teve um estalo. "Percebi que 'Me and the Major' era uma música de 1996, 24 anos antes. E a letra da música do B&S se refere ao Roxy Music em 1972, que é também 24 anos antes dela ser lançada. Ou seja, 'Me and the Major' agora é tão distante quanto a memória nostálgica que ela evocava na época em que a escutamos pela primeira vez", explica. O clipe dá mais uma bagunçada na cronologia, misturando referências dos bares de rock e a vida em Florianópolis no início dos anos 00 com ficção científica e romance. Também está na versão karaokê. Pois é, isso. 'Arquivo', primeira do EP a ser composta e gravada (antes da pandemia), lida com o sabor mais melancólico e fatalista do tempo correndo e do próprio envelhecimento. 'Ponto' também lembra a juventude e histórias de banda, mas nesse caso o passar dos anos acaba tratando com carinho a memória de uma roubada: a letra fala sobre estar num ponto de ônibus longe de casa carregando a guitarra em uma madrugada fria após um show fracassado e a melodia é doce. 'Maltesa' também é da safra do isolamento. O título vem do nome de um navio que afundou diante da Praia do Gi, em Laguna, em 1979. "Durante um ou dois verões, a gente era criança e sempre que ia à praia, ou seja, quase todo dia, voltava com a prancha de isopor coberta do piche que vazou do barco. Pesquisei recentemente e descobri que também espalhou no mar a carga de milho, mas dessa parte eu não lembrava", conta Bianchini...
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