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segunda-feira, 9 de maio de 2022
Devotos - Punk Reggae (2022)...
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Punk, rock, hardcore? É no Alto Zé do Pinho. Acrescente-se mais um ritmo: o reggae. Nessa quarta-feira, 27 de abril, a Devotos lançou, nas plataformas de música digital, o álbum Punk Reggae, o nono título de uma discografia iniciada há 25 anos, oito anos depois da criação da banda, até hoje com os mesmos integrantes, Cannibal, Neilton Carvalho, e Cello Brown. A quem estranhar a Devotos trocar o hardcore, que a popularizou nas quebradas da capital pernambucana, e brasileira, pelo malemolente ritmo jamaicano, vale lembrar que desde os primórdios o grupo acena para o reggae. Com exceção do álbum de estreia, Agora Tá Valendo (1997), os demais têm um ou dois reggaes. Cannibal tocou nos anos 90 com a Nanica Papaya, banda de reggae do Alto Zé do Pinho. Em 2008, em entrevista a Hugo Montarroyos (autor da biografia Devotos 20 anos), Cannibal revelou que fizera um álbum de dub, com participações de Fred Zeroquatro (Mundo Livre S/A) e Zé Brown (Faces do Subúrbio), foi o embrião do Café Preto, projeto paralelo de reggae que mantém até hoje. Punk e reggae comungam entre si o engajamento, o ativismo, características da Devotos, que vai além de ser uma banda musical: é praticamente uma ONG, com ações como a distribuição de cestas básicas, durante a fase mais pesada da pandemia (numa parceria com ONG Fase), num projeto chamado SAS – Social Artista Solidário. O trio criou em 2016 o projeto Jardim Sonante, realizado com bandas convidadas, apresentado a cada último domingo do mês, com 1 kg de alimento não perecível como entrada. O projeto era ao vivo, com a pandemia tornou-se uma live que durou uma semana, e arrecadou 1,5 tonelada de alimentos. As ações da Devotos incluem ainda rádio e bibliotecas comunitárias... Continue Lendo no Teles Toques
domingo, 2 de junho de 2019
HC Entrevista: Devotos, o Alto José do Pinho e o Agora Tá Valendo
Devotos das antigas: Tirada do Livro "Devotos: 20 anos", do Hugo Montarroyos (editora CEPE) |
A primeira que irá sair é com trio punk pernambucano Devotos. Eu tentei emplacar na vice entrevistas com a banda duas vezes nos últimos anos. A primeira foi em 2017, falando sobre os 20 anos de lançamento do Agora Tá Valendo, primeiro disco da banda, lançado pela PLUG/BMG em 1997 (Pra Download aqui). A segunda tentativa foi no final de 2018, falando sobre os 30 anos da banda e o lançamento do O Fim que nunca acaba, sétimo álbum de inéditas da banda (Pra download aqui). Um disco urgente, com sonoridade diferente do punk tradicional do trio e que desvenda o Brasil periférico atual como poucos. Mas a gente fala mais dele na próxima parte do papo. Eu pensei em soltar as duas juntas, mas me lembrei do grande pensador Fafá Zanatto e sua tag favorita: Too long, dont read (muito longo, não li).
Sendo assim, iremos começar pelo primeiro papo, que foi mais rápido e que põe em evidência um dos trabalhos mais legais do punk pernambucano, nordestino e porque não nacional. A Devotos (na época do Ódio) acabou se misturando com o Movimento Mangue ascendeu num momento em que Recife era pura musicalidade, atraindo interesse de pessoas do mundo todo. Foi assim que o trio do Alto José do Pinho conseguiu lançar seu primeiro álbum e direto por uma major (A PLUG da BMG).
Esse papo não saiu na época porque tanto eu, quanto o editor do site onde ele ira sair, achávamos importante falar não apenas com os integrantes da banda, mas com pessoas envolvidas no processo. Eu até tenho contato com Paulo André, produtor da banda na época e consegui o contato do Lúcio Maia (que produziu o álbum), mas com o Maurício Valadares o papo era meio engessado, apenas por mail e pelo visto estava "sem tempo irmão". E ele era peça fundamental para entender ainda mais o álbum, já que parte da polêmica era que sonoramente o disco não parecia com a Devotos ao vivo, como bem disse Hugo Montarroyos no livro "Devotos: 20 anos". Eu poderia ter insistido um pouco mais, mas a questão é que demorou muito e a matéria esfriou.
A questão é que ambos os papos tem falas muito bacanas do Cello, Neilton e do Cannibal. E seria bobeira deixar isso morrer no meu bloco de notas. Fora que trata-se de um dos discos mais importantes da minha vida (Tá até na lista que fiz pro Flogase). Passei parte da minha adolescência morando bem perto do Alto José do Pinho e como todo jovem, era imprudente o bastante para andar de bicicleta subindo e descendo as ladeiras por toda extensão da Avenida Norte. Bom, segue o papo.
Como é ter razão há 20 anos? É frustrante ver que alguns dos problemas tratados no Agora tá valendo ainda existem?
Cannibal: eu acho que o que aconteceu há 20 anos e o que acontece agora é reflexo da própria sociedade. A gente está vivendo num período onde todo mundo tá reivindicando uma nova política, mas eu acho também que as pessoas tem que se cobrar. Não adianta reivindicar nova política, é também você saber o que você quer fazer, saber votar, saber correr atrás e reivindicar as suas coisas. É que às vezes as pessoas trocam seus votos por coisas imediatistas, um emprego, alguma coisa e não pensa no social.
Isso é uma coisa meio cultural do Brasil. Isso sempre aconteceu e vai continuar acontecendo. Então qualquer coisa que você fale ou faça nos anos 80, vai se refletir muito no agora, por que tudo que aconteceu, continua acontecendo. A gente tenta mudar as coisas, mas esquece de mudar nós mesmo e o nosso jeito de viver. Eu acho que a gente pensa muito na gente individualmente, no momento em que a gente começar a pensar socialmente em tudo, eu acho que a coisa começa a melhorar.
Eu acho o “Agora Ta Valendo” um disco sobre o Alto José do Pinho, mais até do que sobre periferia, Recife ou vocês três. Queria que vocês falassem como é retratar um espaço tão pessoal de vocês e ver esse trabalho ser tão bem recebido.
Cannibal: A ideia daquele disco é muito Alto José do Pinho porque, até os 16, 17 anos, que foi quando a gente começou a fazer música, a nossa vida era o Alto José do Pinho, eu não conhecia nada. Eu particularmente não saia do Alto José do Pinho pra quase nada, saia só pra jogar pelada (futebol amador). A minha vida social era no Alto José do Pinho e eu escrevi o que eu vivia e via, eu não escrevia nada sobre o que eu via na TV ou no jornal, não tinha como escrever sobre isso porque não era meu.
Era um cara passando na rua, sentado na calçada sem nenhum centavo tomando cachaça e eu escrevendo a letra naquele momento. E é por isso que a identificação é tão forte com a comunidade. Por causa da nossa vivência dentro da comunidade. A gente pensava muito dentro do Alto José do Pinho. O mundo estava acontecendo, a gente estava no mundo, mas a nossa preocupação maior era com a barreira que estava caindo lá no Alto, era com a falta de segurança no Alto e isso refletia em outras comunidades. E ai que eu entro na história de ter dado certo, principalmente pra quem é de periferia. Porque você falar do Alto era meio que falar dos problemas que aconteciam em todas as periferias. Por isso que aquele disco o “Agora Tá Valendo” é muito Alto José do Pinho. A gente só começou a sair do Alto depois que a Devotos começou a acontecer e ai a gente teve outra visão de mundo, por assim dizer. Mas esse disco é a cara do Alto.
O que eu posso dizer que mudou de lá pra cá, falando 20 anos depois. Eu acho que o que mudou de lá pra cá é ver a galera com uma autoestima mais forte, de não ter vergonha de ser morador da comunidade. E que pode mudar o seu quadro social com a cultura, com seu trabalho. E isso a gente tem na vivência no Alto José do Pinho, porque depois da gente surgiram vários outras manifestações culturais como o Afoxé, o “Amigos do Alto José do Pinho”, e várias outras pessoas que fizeram e fazem até hoje. Então, a gente viu que conseguiu dar um empurrão, se nós conseguimos mostrar o Alto para o mundo e sair dele com isso, vocês também conseguem. Essa afirmação a gente vê hoje na comunidade. Os problemas continuam acontecendo, a falta de segurança, saneamento, etc. Mas aquela coisa de você dizer: Eu moro no Alto José do Pinho, eu sou morador do Alto, isso a gente conseguiu mudar. Não só como banda, mas como um coletivo de pessoas que queriam mudar positivamente seu lugar. Hoje as pessoas falam que moram aqui, que conhecem o Adilson do Matalanamão, o Zé Brown do Faces do Subúrbio. A referência agora é a música e a cultura. Antigamente antes das bandas, as referências eram o assaltante de banco, o criminoso que descia pra assaltar na Avenida Norte, era o cara que saia nos jornais policiais. Então hoje isso mudou muito.
Cello: Eu acho que o disco sintetiza a autoafirmação do lugar onde você vive e como você vive. Eu acho que o disco resume bem isso, essa identidade com uma estima, ela leva muito essa mensagem de estima.
Vocês pesaram o risco de se expor e ter essa autoafirmação do Alto, da periferia, de seus ideais? Já que o disco saiu por um selo grande, pra todo o Brasil, apresentando vocês.
Cello: Eu acho que a gente nunca pensou nisso não. Com relação à autoafirmação de ser músico, essa a gente já tinha sim. Cada um na sua vertente de rock, mas todos já estavam nessa querer fazer música. Você já vinha desafiando tanta gente na escola, comunidade, casa, você já vem desafiando tanta coisa que quando você acha dois ou três caras pra se juntar com ideias parecidas e tirar um som, você se joga.
Neilton: Tem outra história nisso tudo que é que na época quando a gente começou a tocar, nós nunca quisemos ser exemplo e nem servir de direcionamento pra ninguém. A gente só faz o que a gente gosta. Mas isso reverberou no Alto de um jeito que a gente não tinha noção, porque as pessoas começaram a perguntar como aprender a tocar, onde comprava instrumento, até então isso não tinha força por lá. E isso foi muito importante pra gente entender o que estava acontecendo. E nós sempre nos misturávamos muito, então o pessoal viu uma banda punk tocando junto com um afoxé, com o maracatu, caboclinho e sem querer, passando isso para uma nova geração, sabe? E isso foi muito importante e nos da muito orgulho.
Como foi o contato pra chegar na BMG e lançar o disco, contem ai.
Neilton: A Devotos é do movimento punk, né? E tem muita influencia daquela cena de São Paulo, do Inocentes, Olho Seco, Ratos, Garotos Podres, essa galera. E por consequência, teve influencia até nas letras. Depois de um tempo é que a gente começou a ver que não era só aquilo que fazia parte do ideal de trabalho do movimento punk e nem do futuro como a gente imaginava. A gente começou a perceber isso quando um amigo nosso, que sempre ia pros shows da gente na época, Carlos Freitas, fez uma observação bem positiva, ele falou que a gente poderia falar de qualquer coisa e não só falar que a bomba iria explodir. Que era o tema básico do que era dito pelo punk nos anos 80, por causa da bomba nuclear, e tinha mais a ser dito que isso.
E eu falo isso porque tem tudo a ver com a nossa contratação e o lançamento pela BMG, porque mais uma vez, comungamos sem querer com o que estava acontecendo nos anos 90. Por coincidência com o movimento mangue, o aparecimento de Paulo André como produtor criando o Abril Pro Rock, entre outras coisas que estavam rolando na cidade. E eu acho que a única banda punk a comungar com essa galera fomos nós, sem deixar de ser punk e sem mudar o que a gente falava, sem negar nossa origem ou nossas ideias. E tem muita gente que nessa época nos colocou no velho chavão de traidores do movimento, porque de certa forma a gente estava participando do circuito, do boom do movimento musical que colocou Recife muito em evidência.
O lance do contrato, a gente tinha recebido até outras propostas de outras gravadoras até grande e tal, mas terminamos assinando com o selo PLUG da BMG por causa de um cara foda, que era o Mauricio Valadares, que percebeu o quanto o que a gente falava era verdadeiro, sabe? E o Mauricio tem uma história massa no rock brasileiro porque ele viveu toda aquela cena rock dos anos 80 no Rio, ai era um cara que tinha propriedade pra dizer se valia a pena investir numa banda como a Devotos em uma gravadora grande. A principio fomos muito relutantes, por conta da própria filosofia do punk, por mais que a gente não seguisse nada, a gente ficou meio relutante. Mas a gente pensou primeiro na banda e em como levar o nosso som o mais longe possível e naquela época era através de uma grande gravadora.
O Mauricio veio pro Abril Pro Rock em 1996 e viu a gente ao vivo e chegou no Paulo e disse: eu quero essa banda. E Paulo fez a ponte pra gente assinar com a BMG e acabou sendo o produtor da Devotos na época, vendendo os nossos shows após o lançamento do disco. A gente já tinha contato com ele na época de Chico (Science), nós fomos a banda que abriu o primeiro show da turnê do Afrociberdelia em São Paulo em 1996, e isso ajudou porque estávamos num lugar onde tocavam a nata da música no Brasil que era o Tom Brasil. Eu lembro que os seguranças do espaço ficaram muito felizes porque os cara tinham banda punk e viram uma banda punk tocando na Tom Brasil. Tem várias histórias que nos levam ao contrato com a BMG.
Vocês tiveram que mudar alguma coisa no som de vocês pra gravar o álbum? Por que ele é bem diferente da demo anterior e de como soava ao vivo.
Neilton: Tiveram vários fatores para que isso acontecesse. Sonoramente a gente não gosta muito do disco. Assim que chegou a mostra da mala, a gente ouviu e não entendeu. E confesso a você que eu não entendo até hoje. Por que tem coisa que a gente gravou e não saiu por exemplo. E tem outra coisa que a gente ficou pensando depois, não digo que ficamos arrependidos, mas pensamos muito depois é se a gente escolheu a pessoa certa pra produzir o disco por exemplo. Porque era o primeiro disco produzido pelo Lúcio Maia, principalmente um disco pesado. Por mais que a gente saiba que ele é muito bom na história de timbrar as coisas, pode ser que ele tenha sido podado. A gente não sabe, ficamos meio de inocente no final das gravações, porque quando Paulo chegou com a referência do disco na master pra gente ouvir, a gente ficou achando que ainda era o cru e ainda faltaria fazer alguma coisa e falamos pro Paulo. Mas e ai, quando a gente vai finalizar esse disco? E o que a gente gravou, tá aonde? E ele disse: não esse é o disco já.
E a gente nunca negou que a gente não gosta do som do disco, a gente sabe a importância que ele tem nas letras e nas músicas, mas sonoramente a gente não gosta do disco. Tanto que os discos depois foram bem mais pesados e rápidos, por exemplo. A questão da velocidade das músicas porque na época a galera queira que as músicas soassem não mais lentas, mas que fossem mais longas ao vivo e ai a gente teve que rearranjar algumas faixas, deixar elas mais longas pra gravação, diferente do que a gente fazia nos shows na época. Mas o som como saiu, a gente não tem muita culpa não (RISOS).
Como é manter a mesma formação numa banda há mais de 20 anos, se mantendo relevante?
Cello: Eu acho que a gente gosta de músicas bem diferentes e existe um respeito de todos. E essa mistureba faz bem pra gente, deixa o som interessante. Eu continuo ouvindo as mesmas coisas eu ouvia na época desse disco. O Neilton gosta das coisas estranhas dele e o Cannibal talvez seja quem mais se expandiu nos estilos por assim dizer.
Neilton: Eu acho que a gente nunca pensou muito no tempo não, só foi fazendo mesmo.
sexta-feira, 21 de setembro de 2018
Devotos - O Fim Que Nunca Acaba (2018)...
Download: O Fim Que Nunca Acaba (2018).zip
E eis que, em seu aniversário de 30 anos, o Devotos coloca na praça seu mais novo trabalho, O Fim que Nunca Acaba. Intrigante desde o título e da capa, o disco consegue um feito raro para quem está na terceira década de carreira: mantém suas raízes e ao mesmo tempo expande os horizontes da banda. Extremamente bem produzido e tocado com esmero, "O Fim que Nunca Acaba" é recheado de novas possibilidades e pode ser considerado o trabalho mais ousado da banda. O próprio Cannibal explica o enigmático título do álbum: "É pela longevidade de uma banda como a nossa em um Estado com pouca divulgação para o hardcore como Pernambuco. Aqui praticamente não existe espaço para o hardcore nas rádios e TVs locais. São poucos os festivais locais. Os editais também são raros. Acho que qualquer outra banda, no nosso lugar, já teria desistido há muito tempo. E a gente, ao invés de mudar para o Sul ou o Sudeste, onde os espaços de divulgação são maiores, optou por continuar morando aqui. É um verdadeiro trabalho de resistência".A julgar pelas 15 músicas que compõem o disco, o fim está bem longe. Com produção caprichada do próprio Devotos, mixado e masterizado por Mathias Severien, O Fim que Nunca Acaba mostra uma banda que vai muito além do hardcore que consagrou o trio. O que Cannibal (baixo e voz), Neilton (guitarra) e Celo (bateria) conseguem extrair deste álbum é algo nunca visto na carreira deles. Em "Não Fico", por exemplo, eles fazem um metal pesadão que ainda não tinha sido ouvido nos trabalhos anteriores. "Não Desista" vem embalada em um clima soturno que dá ênfase até a um violão pesado. "Incrédulo" tem uma linha de baixo forte de Cannibal, que canta com voz limpa e abre espaço para uma base de sopros de Maestro Forró e acaba desancando para, pasmem, um jazz pesado! A música vem num crescente hipnótico, explodindo do meio para o fim. Maestro Forró também conduz a banda para uma espécie de “frevo-jazz-hardcore” em “Chama Padre Quevedo”, uma das mais ousadas do álbum. Mais surpreendente ainda é "Liga da Justiça", quase acústica, com participação especial de Maciel Salú que, com sua rabeca, leva o som do Devotos até o Oriente Médio. E, surpresa, ainda aparecem mais violões na música, em que Cannibal pergunta: "Você é bandido ou artista?"."De Andada" tem uma introdução maravilhosa de bateria de Celo, para a banda logo depois entrar numa vibe pesadona, novamente flertando com o metal e com um trabalho deslumbrante de guitarra de Neilton.Duas coisas merecem ser destacadas também: a coesão do discurso de Cannibal, que continua acertando no alvo em suas letras. A temática social permanece forte, o que é uma das marcas registradas da banda. E o excepcional trabalho de guitarra de Neilton, que muitas vezes lembra os solos alucinados de Andreas Kisser, do Sepultura.E, claro, há espaço para a essência do Devotos, como no hardcore "Eu Declaro Meu Inimigo" e “ Matou Morreu”.A capa, como sempre, foi feita por Neilton Carvalho, que já tem seu trabalho como artista plástico reconhecido nacionalmente. Esta, talvez, seja a mais forte que Neilton já produziu, embora, à primeira vista, seu significado esteja nas entrelinhas e nas imagens subliminares que a obra contém. Ela é toda vermelha e traz o desenho de um negro “acorrentado” por um monstro marinho e cujos tentáculos destroem um barquinho de papel em mar de sangue na contracapa. Neilton explica qual foi sua inspiração para o desenho: “Essa capa eu deixei aparentemente leve, fugindo do óbvio do som, do estilo dito, mas tem elementos muito pesados e importantes para a história do povo do subúrbio do mundo inteiro. Com a recente história de migrações forçadas por conta das guerras religiosas, com naufrágios de famílias inteiras, morrendo tentando realizar seu sonho simples de viver em paz e pela paz. Somos todos imigrantes”, revela Neilton.Ele então relata todo o simbolismo da capa. “Quem prestar atenção verá muita coisa que vai incomodar: o negro com um semblante de aceitação de sua condição, o mar de sangue, os monstros que todos temos interna e externamente, que destroem nossos pequenos sonhos, representado por um simples barquinho de papel e significados religiosos mostrando uma proteção ancestral muito marcante, como as folhas da planta "comigo ninguém pode". Ou seja, um trabalho de significados profundos e com um tema atualíssimo, que talvez seja o maior dilema de nossos tempos: a convivência humana e nossa eterna dificuldade em nos colocar no lugar de nosso semelhante.O normal é que um artista com 30 anos de carreira se acomode, se repita. Com o Devotos é diferente. Com o passar do tempo, a banda mostra uma inquietação estética que o faz navegar por mares jamais experimentados. E o resultado mostra que o trio só ganha com isso. Trata-se de uma banda que cada vez mais consolida uma identidade muito bem definida, ainda que experimentando novas sonoridades.As participações especiais só reforçam esse modelo. Carlão Underground, vocalista do Realidade Encoberta, divide os vocais com Cannibal na urgente "Matou Morreu". Maestro Forró dimensiona o grau de alcance do Devotos em "Incrédulo" e “Chama Padre Quevedo”. E Maciel Salu viaja com a banda para a Arábia sem tirar os pés do regionalismo em "Liga da Justiça"."O Fim que Nunca Acaba" prova que o Devotos é capaz de se reinventar sem perder a identidade. Não é o começo do fim. E parece que nunca vai acabar...
domingo, 21 de maio de 2017
Devotos do Ódio - Agora Tá Valendo (1997)...
Download: Agora Tá Valendo (1997).zip
Primeiro cd cheio da banda de punk rock da comunidade de Alto José do Pinho em Recife, Devotos do Ódio. Depois de duas demos, o power trio pernambucano: Canibal (voz e baixo), Neilton (guitarra) e Celo (bateria), retratam nas suas músicas toda a realidade sofrida de quem mora em comunidades carentes do Recife e do mundo. 20 anos se passaram, o Alto José do Pinho segue no mapa, atuante e com alguns dos mesmos problemas retratados pela banda...
quarta-feira, 24 de abril de 2013
Devotos - Ao Vivo - Festival Abril Pro Rock (2013)...
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Em meio aos primeiros berros de Cannibal e o trio de punk do alto José do Pinho, Devotos subia ao palco. Não sei se pelo meu estado, mas foi o melhor show que vi naquela noite, digo mais, foi um dos melhores shows que vi da banda desde 1997, ano que comecei a acompanhar o grupo de perto e ao vivo. Completamente instigados em seu retorno ao festival depois de anos, externados pelo vocalista em meio as músicas dizendo: “Que saudade do caralho Abril Pro Rock!”, o grupo tocou todos os clássicos de seus vinte e cinco anos de carreira, como “Alien”, “Devotos do Ódio”, “Eu Tenho Pressa”, todos acompanhados de perto por um público ensandecido, chorei e suei como a tempos não fazia... Continue Lendo
quinta-feira, 26 de abril de 2012
Café Preto - Café Preto (2012)...
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CAFÉ PRETO é um disco realizado pelo músico Cannibal em parceria com o DJ e produtor Bruno Pedrosa e o também músico PI-R. As letras são de autoria de Cannibal e as programações e samples feitas por Pedrosa. A produção musical é assinada por Pedrosa e PI-R. Neste trabalho as sonoridades escolhidas por Cannibal foram o dub e o ragga, ritmos derivados do reggae roots jamaicano. O projeto tem como convidados especiais alguns dos mais talentosos músicos em atividade na manguetown. Fred Zeroquatro e Areia (mundo livre s/a), Chico Tchê, Publius, Ori, Marcelo Campello, Berna Vieira e Zé Brown. Além do carioca Ras Bernardo...
domingo, 7 de agosto de 2011
Devotos do Ódio - Agora ta Valendo (1997)...
Devotos é uma banda punk-rock-hardcore formada em 1988 por Canibal (baixo e voz), Neilton (guitarra) e Celo (bateria) na região do Alto José do Pinho, periferia de Recife. Vindos de um ambiente de extrema pobreza, os integrantes construíram seus instrumentos a partir de sucata e adotaram o nome de Devotos do Ódio. A partir de 1993, quando começaram a pipocar festivais e eventos musicais na capital de Pernambuco, os Devotos se empenharam em participar e mostrar sua música rápida, barulhenta e melódica a públicos variados. Em 1994, tocaram durante a segunda edição do Abril Pro Rock, feito que foi repetido em todas as edições subseqüentes do festival. Em 1997, depois de nove anos de estrada, os Devotos conseguiram lançar o CD “Agora Tá Valendo” (produzido pelo guitarrista do Nação Zumbi, Lúcio Maia), pela BMG. Um dos clássicos da música pernambucana, um discos que mais ouvi na minha vida e sinceramente eu não sei porque ele ainda não esta por aqui...
domingo, 12 de setembro de 2010
Devotos - 20 Anos (2009)...
www.myspace.com/oficialdevotos
Download: 20 anos (2009).rar
Download: 20 anos (2009).rar
Este “Devotos: 20 Anos” é histórico por vários motivos. Primeiro, por se tratar do registro comemorativo de duas décadas de uma banda que permanece fiel ao mesmo discurso desde o dia em que foi criada. Não bastasse, tal show foi gravado no Alto José do Pinho, local que ficou nacionalmente conhecido por causa do trio. E, para quem acompanha de perto a carreira da banda, um disco ao vivo era um desejo antigo dos fãs, pois sempre foi nos shows que o grupo mostrou seu potencial máximo: a capacidade quase sobre-humana de testar o fôlego do público em rodas de pogo que começam na primeira música e só terminam na última. Junte-se a tudo isso o fator qualidade: a captação do som do show é de primeiro mundo... Resenha
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